Origem de A-dos-Francos

 

 
Segundo a população local o inicio de A-dos-Francos, foi no séc.IX, mas outros acreditam ter sido no séc. XII.
Não há uma opinião fixa quanto às circunstancias ou factores relativos á sua génese.
Todos concordam em dizer que esta foi doada aos franceses.
A primeira corrente defende que, A-dos-Francos teria sido um território oferecido aos franceses, por D. Afonso Henriques entre 1140 e 1148, como recompensa pela sua colaboração na conquista de Lisboa, aos mouros.
A segunda, que teria sido oferecido aos franceses, por D. Sandro I quando do povoamento das terras conquistadas aos mouros.
Existem testemunhos de ordem toponímica e antroponímica, dos quais a população local se orgulha muito, mesmo com tantos séculos passados:
- O lugar chamado Bretões, nome com origem na época das cruzadas;
- O casal dos Sesmarias, com origem em 1375, na Lei das Sesmarias;
- A família Ginós, em Vila Verde de Matos que se pensam ser, descendentes dos soldados de Junot.
A primeira freguesia de A-dos-Francos chegou a ser constituída por toda a área hoje ocupada por esta e pela freguesia do Landal, por ser um espaço territorial muito grande, houve necessidade de se constituir dentro da mesma e sem a desmembrar, um curato formado por toda a actual área do Landal.
Por volta de finais do séc. XVIII, inicio do séc. XIX, esta freguesia sofre um grande impulso económico e cultural, o que está ligado ao Sr. Arthur Peixoto Ferreira de Landal, filho do Visconde de Landal.
Por decreto de lei de 7 Setembro de 1895, esta freguesia que pertencia ao concelho de Óbidos, passa para o concelho de Caldas da Rainha.
A-dos-Francos é percorrido por diversos ribeiros, com pouco caudal e pelo rio Arnóia.
A população estava distribuída na freguesia por influência do solo. As terras mais férteis eram utilizadas para agricultura e as restantes para habitação.
A freguesia é constituída por pequenos casais, situados ao redor da sede de freguesia.
De 1900 a 1960 houve um acréscimo demográfico.
A partir de 1970 até 1981 verificou-se um decréscimo do número de habitantes, causado pelos movimentos migratórios.
Em 1981 esta aldeia tinha 1975 habitantes, o que corresponde a uma densidade de 94,9 habitantes por km2.
Em 1983 verifica-se um aumento de habitantes com o regresso dos emigrantes.
Em 1981, esta freguesia era constituída por 668 fogos. Em geral as casas eram baixas, pequenas, a grande maioria com chaminés, sem relevos arquitectónicos significativos. Mas ainda havia muitas casas em ruínas, outras em avançado estado de degradação, a casa tradicional por norma desapareceu, dando lugar a outro tipo de habitação onde outros materiais eram utilizados, verifica-se assim existir uma mistura entre o campo e a cidade
A população dedicava-se essencialmente á agricultura. Trabalho mais frequente no sexo masculino, que era pago com 1.000$00 por dia, no entanto, muitas mulheres e também crianças, ajudavam nos trabalhos agrícolas.
Só os jovens gozavam férias, iam á praia e passeavam, a população mais nova trabalhava fora da terra, utilizando-a apenas para dormir.
Os mais velhos pouco saiam da terra, e quando o faziam era para irem ao mercado às Caldas, ou tratar de alguns assuntos nos serviços citadinos.
As pessoas eram solidárias.
A farmácia local facilitava os pagamentos aos mais carenciados, deixando que pagassem em prestações ou ao mês, não cobravam a taxa especial nocturna, quando este serviço era solicitado.
Em geral a população comia alimentos produzidos nas suas hortas e animais que criavam para consumo próprio, como: galinhas, ovos, coelhos, batatas, hortaliças, feijão, etc.
De vez em quando compravam peixes (carapau e sardinha) ao peixeiro que passava pela terra com uma carroça.
Em geral as pessoas coziam pão e uma pequena percentagen comprava-o na padaria da panificadora.
A sociedade veio alterar hábitos alimentares como: no café á hora do almoço, enquanto os mais novos tomavam a bica, os mais velhos bebiam um copo de vinho e falavam sobre a vida dos netos.
Normalmente, o agricultor fazia 5 refeições diárias, hoje em dia faz 3.
O prato típico nesta vila era e é, o serrabulho.
Naquela altura, a noiva levava o enxoval e a mobília, ao noivo competia dar a casa feita num terreno doado pelos pais, ou então, caso não pudessem, alugavam uma casa, os pais dos noivos ofereciam-lhes animais.
Os festejos do casamento duravam 3 dias, onde os convidados, família e noivos conviviam, comiam e dançavam.
A-dos-Francos é dividido, entre o lugar de cima (Santo António), e o lugar de baixo (Espírito Santo).
Nesta vila, eram só comemoradas as festas locais.
Nos preparativos das festas, toda a população contribuía com dinheiro, era também nesta época de festas que os habitantes caiavam, limpavam e enfeitavam as suas casas, e os caminhos.
Nesta altura preparava-se as roupas novas para estrear na festa.
Quanto às festas, familiares celebravam-se com a matança de alguns animais e feitura de bolos.
Em geral a população era alegre, bem-disposta e comunicativa.
A vida nocturna era fraca, pois após a hora do trabalho, os habitantes permaneciam em casa a ver televisão, ou ocupavam-se com tarefas domésticas.
A igreja ao Domingo enchia-se tal como hoje, pois a povoação é muito religiosa, são várias as lendas, histórias e rezas por causa das bruxas.
Os pontos de encontro eram vários, na farmácia ou nos estabelecimentos comerciais.
Naquela altura as pessoas encontravam
-se nos cafés, em tabernas ou na Sociedade de Instrução Musical, Cultura e Recreio, onde jogavam vários jogos de salão, como: bilhar, damas, carta etc., nestes locais actualmente os mais velhos jogam às cartas enquanto os mais novos conversam.
Os homens desta localidade vestiam-se quase todos da mesma maneira, barrete preto e cinto de pano preto. No inverno, defendiam-se da chuva com uma saca de capuz.
Quanto às mulheres tinham um fato de trabalho e outro domingueiro, saias compridas, aventais e lenço na cabeça. As viúvas vestiam-se sempre de preto.
 Actualmente, a forma de vestir está generalizada. Tanto os homens como as mulheres usam calças, e já não existe diferença de vestuário entre as localidades do país.